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Com a pandemia, empresas e famílias precisam se reinventar na hora da comemoração

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Empresa de decoração registrou queda de 40% nas vendas dos itens de aniversário


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A pandemia modificou o formato das festas infantis. Se antes os preparativos envolviam uma lista numerosa de afazeres e uma previsão de gastos expressiva no orçamento familiar, hoje, as celebrações são mais simples e intimistas. A família de Helena Junges Garcia, que completou 8 anos, no dia 20 de junho, é um exemplo. Conforme a mãe de Helena, a técnica de enfermagem Michele Junges, 41 anos, o único investimento da festa foi em balões de gás hélio, que foram uma surpresa para a pequena. Tudo foi organizado por Michele e o esposo, o engenheiro agrônomo Enio Pereira Garcia Junior, 41 anos. 

O tema da decoração, feita com materiais que tinham em casa, foram os cachorros Akin e Sushi, que fazem parte da família. Até o bolo foi caseiro. Mãe e filha botaram a mão na massa e depois os pais de Helena colocaram o enfeite do topo, outra surpresa da celebração. 

Na sala de casa, os únicos convidados presenciais eram os pais de Helena. Às 16h, dindos, avós e tios cantaram os parabéns pela tela do celular, por meio de chamada de vídeo. 

- Tínhamos o plano de comemorar em uma casa de festas com amigos, familiares e coleguinhas da escola. Vimos que algumas pessoas estão voltando à vida "normal", mas nós decidimos que íamos seguir as medidas restritivas, em prol da saúde da Helena mesmo e dos avós - conta Michele. 

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RITUAL MANTIDO
Na festinha de Luna (foto ao lado), que completou 3 anos, o sonho de princesa foi mantido graças ao esforço dos pais, a empresária Elisandra Lemberck, 42 anos, e o eletrotécnico Robison da Silva, 35 anos, que não deixaram a data passar em branco, mesmo sem sair de casa. Mesmo sem os demais convidados, a festa cumpriu todos os protocolos e teve decoração com o tema Cinderela. 

Conforme Elisandra, Luna estava ansiosa pela festinha. O momento favorito da pequena é apagar as velinhas. Como já tinha a fantasia da princesa da Disney, Elisandra só alugou o bolo decorativo, comprou docinhos, salgadinhos, pirulitos de chocolate e outros itens para adornar a mesa. 

Assim como em outras famílias, o plano era comemorar no salão de festas do prédio. Com a pandemia e o distanciamento social, o investimento de outros anos, que chegava a R$ 5 mil, ficou em aproximadamente R$ 500, ou seja, 10% da despesa com a festa tradicional. 

O ponto alto da festa foi o aluguel de um carrinho, velho conhecido de Luna nos tempos de passeio no shopping. 

- Eles tinham meu contato e ofereceram o aluguel do brinquedo para festas em casa. Como temos um espaço externo, locamos e ela adorou - conta Elisandra. 

A tecnologia também ajudou a pequena a receber os parabéns. Os pais fizeram chamada de vídeo com os avós paternos e maternos para que eles participassem do momento. 

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style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">GASTOS ABREVIADOS 
A pequena Lavínia (foto ao lado) completou 3 anos em maio. A família estava planejando uma festa com cerca de 90 convidados. Conforme a mãe dela, a servidora pública Andressa Lutz Schiaffino, 32 anos, a pandemia abreviou a festa e também os gastos. Andressa conta que investiu 10% do que investiria em uma festa nos moldes normais: 

- A festinha que eu planejava gastaria uns 4 mil reais e em casa gastei 400 reais, isso faz uma grande diferença para o orçamento familiar nos dias atuais, com a recessão devido à pandemia. Fizemos uma pequena comemoração na sala de casa. Estávamos somente nós (os pais) e os avós que moram na cidade. A Lavínia adorou. Teve a decoração que ela tanto esperou, os salgadinhos que pediu para ter na festa, os familiares mais próximos. Ela só sentiu falta foi dos amiguinhos. 

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CRISE
A Big Festa, que comercializa itens de decoração de festas de aniversário, viu o perfil da clientela mudar. Desde a pandemia, não são mais os decoradores que buscam os produtos, mas os próprios pais. Conforme a gerente, Fabiola da Silva Borin, 26 anos, as festas online têm movimentado o negócio. 

- Os pais não querem deixar os filhos prejudicados. Aí vêm aqui e compram a decoração, fazem a festa em casa e chamam os amiguinhos pela internet. Alguns pais mandam uma "marmitinha" com doces e salgados para os convidados curtirem a live se sentindo um pouco mais presentes na festa - conta Fabiola. 

Segundo a gerente da Big Festa, a comercialização de itens de aniversário caiu cerca de 40%, o que já era esperado, conforme Fabiola, neste período de pandemia. O impacto maior foi na comercialização de produtos para festas sazonais, como as festas juninas, teve queda de 90%. O percentual de 10% só foi alcançado devido às festas online feitas pelas famílias. 

- Em tempos normais, essas festas eram promovidas pelas escolas e impulsionavam muito mais as vendas - analisa a gerente. 

A proprietária da empresa Abrakadabra Festas, Ivanice Santana Marchio, 56 anos, disse que está de portas fechadas. A empresa realiza a festa completa incluindo locação do espaço, decoração, convites, entre outros serviços. Somente o bufê é terceirizado. 

- Desde que começou (o isolamento social) eu fechei. A sorte é que não pago aluguel, só assim estou conseguindo segurar as contas. Espero que logo isso passe - desabafa Ivanice. 

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MUDANÇA DE RAMO 
A empresa Vira Cambota trabalha com locação de materiais, decoração e alimentação para festas infantis atua em Santa Maria e em diversas cidades do Rio Grande do Sul. Segundo as proprietárias Izamar Berleze e Raquel M. Correa, com as regras de distanciamento social, o empreendimento teve uma queda abrupta na receita. Sem a realização das festas, a empresa só manteve locação de materiais para os pais que fazem as comemorações em casa. 

- Enquanto não chegar uma vacina no Brasil, os pais não retomarão as festinhas. Temos clientes que preferem que os filhos percam um ano de escola mas não peguem o vírus e transmitam para a família toda. Eu penso da mesma forma - comenta Izamar. 

As proprietárias reclamam da falta de incentivos do governo Estadual e Federal para as empresas. Com contas de água, luz, telefone, internet e aluguel vencendo todo mês, juros e risco de corte dos serviços, as empreendedoras buscaram outra fonte de renda. Durante a crise, Raquel e Izamar abriram uma empresa de molhos artesanais, em parceria com outros dois sócios. O produto já está sendo vendido diretamente aos consumidores e em pontos de venda como supermercados. Há dois meses e meio em funcionamento, o projeto deve continuar e tem planos de expansão após a pandemia. 

VESTUÁRIO 
O ramo de roupas infantis também foi atingido pela mudança no cenário. A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e empresária Marli Rigo, explica que não há um levantamento específico feito pela instituição do impacto econômico no segmento de eventos, mas usa a própria empresa de venda de roupas como termômetro. 

- Nós, do ramo vestuário, tivemos que nos reinventarmos. Como não tem festas e eventos, não vendemos moda passeio. Mudei meu mix para a roupa gostosa e quentinha que pode passear ou ficar em casa - exemplifica. 

A proprietária da loja Planeta Criança, Silvia Mainardi, que vende do tamanho 1 ao 14, dimensiona em 70% a queda de roupas de festa desde que começou o distanciamento social: 

- Houve uma freada considerável na venda de peças para eventos, tanto para os aniversariantes quanto para os convidados. Temos vendido alguma coisa para crianças que comemoram o primeiro aninho e fazem fotos em casa. 


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